Matéria do Diário do Nordeste, de 9 de janeiro de 2008
Link para a matéria completaNAVIO SERÁ ENTREGUE À NAMÍBIA
O navio de guerra produzido pela Inace é o primeiro construído por uma indústria privada no País a ser exportado
A entrega do navio-patrulha NS Brendan Simbwaye pela Indústria Naval do Ceará (Inace) à Namíbia, a acontecer no próximo dia 16, já amplia as oportunidades do estaleiro cearense no mercado internacional.
Vários países, em especial africanos, demonstram interesse em encomendar embarcações ao Inace, segundo garante a superintendente da empresa, Elisa Gradvohl.
O navio de guerra é o primeiro construído por uma indústria privada no País a ser exportado. ´Os maiores países africanos estão interessados. Na cerimônia deste navio, virão autoridades também de Angola. Além da África, também terão pessoas da Guatemala [na América Central]. Com a entrega, mais países deverão nos procurar´, informa.
No ano passado, o embaixador da Nigéria esteve em Fortaleza, onde fez contato com a Inace para tratar da compra de embarcações para seu país.
Na ocasião, ele sinalizou que haviam grandes oportunidades de fechar negócios.
A empresária, entretanto, pondera: ´ainda não podemos competir com o Primeiro Mundo´. A superintendente espera, todavia, que, aos poucos, a Inace possa elevar a sua competitividade.
Além do Simbwaye, que possui 200 toneladas, o estaleiro ainda irá entregar mais dois navios de guerra à Marinha do Brasil. Eles terão 500 toneladas, e o primeiro tem prazo previsto para entrega em outubro de 2009, ficando o segundo para quatro meses após esta data. ´São embarcações de maior potencial, acreditamos que em algum tempo poderemos estar competindo com os países desenvolvidos.
A Inace também irá participar de uma nova concorrência da Marinha para a compra de mais quatro navios de 500 toneladas. O procedimento está marcado para ser lançado no dia 8 do mês que vem.
O Brendan Simbwaye
O Simbwaye demorou quatro anos para ser construído, ´por opção da Namíbia´, esclarece Gradvohl. Ela explica que, no início, o governo iria oferecer um financiamento, que o país africano considerou de juros altos, e acabou demorando para tomar a sua decisão. ´O navio pode ser feito em 24 meses, só por conta do motor, que demora, sozinho, 10 meses para ser fabricado´, esclarece. Ainda em 2005, o Diário do Nordeste informava que o contrato fazia parte de um acordo comercial entre o Brasil e a Namíbia do ano anterior, e estava orçado em US$ 24 milhões, prevendo ainda quatro lanchas-patrulha, com construção prevista para após a entrega do navio.
A Inace já construiu outros dois navios irmãos ao Simbwaye, o ´Guanabara´ e o ´Guarujá´, entregues em 1998 e 2000, respectivamente.
Atualmente, as embarcações se encontram em Belém. Existem hoje 12 embarcações deste tipo. Além dessas duas da Marinha, há quatro fabricadas pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) e mais seis alemãs, que criaram o modelo do navio.
Inace
A Inace está no mercado há cerca de 40 anos, e é a única a atuar no ramo no Estado. A indústria emprega hoje, aproximadamente, 1.300 pessoas, construindo navios militares, off shore e de lazer, no caso dos iates.
Apesar de estar focada na construção de pequenas embarcações, o diretor-presidente do estaleiro, Gil Bezerra, informou ao Diário, em junho passado, que a carteira de negócios cearense poderá alcançar a marca de US$ 1 bilhão em um período de quatro a cinco anos, o que representa um dos maiores faturamentos do País no setor. Isso porque os navios aqui produzidos tem alto custo.
Sérgio de Sousa
Repórter
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