O Ceará constrói navios de guerra para a Marinha brasileira. São dois do tipo patrulha e irão reforçar a esquadra nacional a partir de 2009. O Comando da Marinha deverá destiná-los para a vigilância de novas áreas petrolíferas nacionais
FCO FONTENELE Cláudio Ribeiro, Demitri Túlio, Luiz Henrique Campos e Thiago Cafardo da Redação
Os próximos navios de guerra que reforçarão a fragilizada esquadra brasileira estão sendo construídos no Ceará. São dois navios-patrulha do modelo NPa 500T, cada um com um canhão de 40 milímetros na proa e duas metralhadoras de 20 milímetros na retaguarda do convés. Poderão navegar a 21 nós de velocidade (quase 40 km/h), considerados extremamente ágeis para uma embarcação militar de porte médio. Transportarão até 500 toneladas, com 50 tripulantes a bordo. É o tipo ideal de navio para compor a frota de um país sem confl ito bélico, com uma grande costa freqüentada por até 500 navios comerciais/ dia, violada por trafi cantes e criminosos e que ganhou notoriedade mundial pela recém-descoberta de grandes jazidas de petróleo e gás natural. Mas a Amazônia Azul, como é chamada a área das águas jurisdicionais brasileiras, está vulnerável, conforme a própria Marinha. São 4,4 milhões de km², igual à metade do território nacional. Ontem, O POVO revelou que 11 dos 25 navios militares do Brasil estão parados e que a armada precisaria de pelo menos R$ 2,8 bilhões em 2009 para se manter e operar bélica e administrativamente. Além da maioria dos helicópteros, aviões e submarinos estarem funcionando com "restrições". As informações são do relatório Situação da Marinha - Necessidades Orçamentárias, apresentado em junho deste ano pelo comandante-geral Júlio Soares de Moura Neto a líderes do Congresso Nacional. A previsão de entrega do primeiro dos dois navios-patrulha é só para outubro do ano que vem. O seguinte deverá chegar à Marinha em março de 2010. Ambos estão na fase de montagem no estaleiro da Indústria Naval do Ceará S/A (Inace). Foram iniciados há um ano. "O mais adiantado já está com 35% dessa montagem, na fase de acabamento", confi rma o gerente de produção da empresa, o engenheiro mecânico Aurélio Girão. Vai para testes no mar em julho de 2009. O prazo é considerado excelente. O projeto é da empresa francesa Constructions Mécaniques de Normadie (CMN), mas a Inace usa o braço e o know-how cearenses. Em 1999, concluiu a encomenda de outros dois navios-patrulha de 200 toneladas, o Guanabara e o Guarujá, para a Marinha do Brasil, que atuam no Pará. O estaleiro cearense também termina um terceiro patrulhador militar, também do modelo NPa 200T, porém exportado para a Marinha da Namíbia. Será entregue em dezembro e já está no mar desde 30 de julho último, ancorado para testes. Em dois dos galpões do estaleiro cearense, há cerca de 200 funcionários destacados somente para o serviço dos dois navios-patrulha brasileiros. A fase considerada mais difícil, de soldagem de chapas de aço e delineamento do casco, foi concluída.
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