Blog dos colaboradores do Estaleiro INACE

Empresa privada situada em Fortaleza, Ceará. Fundada em 1969.

27.6.08

INDÚSTRIA NAVAL CEARENSE-Faturamento de US$ 1 bilhão

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=549873
Hoje, o setor emprega 1.300 pessoas no Ceará, onde fabrica navios militares, off shore e de lazer, como iatesA indústria naval, que já colocou o Brasil na segunda posição do ranking mundial, mas depois sofreu forte retração por aqui, deverá, agora, render boas divisas ao Ceará. Em um período de quatro a cinco anos, a carteira de negócios cearense deverá alcançar a marca de US$ 1 bilhão, um dos maiores faturamentos do País no setor. Para garantir o esperado incremento da produtividade, deverão ser gerados, no Estado, cerca de quatro mil empregos. Atualmente, o setor emprega 1.300 pessoas no Ceará, onde fabrica navios militares, de off shore e de lazer, como iates.Quem garante tão promissores resultados é o diretor presidente da Indústria Naval do Ceará (Inace), Gil Bezerra, que já contabiliza 45 anos no ramo. ´Graças a este ´boom´ que o Brasil passa agora, nós estamos pegando a rebarba de todos esses acontecimentos´, justifica o industrial, destacando as ações que vêm levando ao soerguimento nacional do setor.Segundo ele, apesar de não possuir um estaleiro do porte do que está sendo construído em Pernambuco — o Atlântico Sul, que será o maior da América Latina —, o Ceará terá resultados bem expressivos.´Nós estamos passando de uma produção de 15% de nossa capacidade para 70%. No Brasil, todo mundo está trabalhando a 100% e nós, até o fim do ano, também deveremos estar operando na capacidade total´, diz. ´Para isso que nós estamos criando novos canteiros de obras, para que possamos, nos próximos três, quatro anos, estarmos com o segmento não em grandes navios, faturando o que o Atlântico Sul faturará´.O diretor presidente do Inace esclarece que isso é possível pelo fato de o novo estaleiro em construção na área do porto pernambucano de Suape estar se dedicando a navios graneleiros, de maior porte. Aqui, as embarcações são menores, mas o seu custo, por outros fatores, não fica atrás. ´Pra você ter idéia, um navio supridor [produzido aqui], custa quase o mesmo preço de um Panamax [de maior porte, usado comumente para transportar cereais]. É um navio altamente técnico, mas muito menor em peso. Contudo, paga-se pela tecnologia´, afirma.E ele complementa: ´Um iate [também fabricado pela Inace], que constrói aqui com 50% do preço do primeiro mundo, é caro. Todo navio de apoio é caro. E com isso, tem um esforço menor de fabricação, um esforço menor de canteiro de obra e, assim, chegamos a ter uma produtividade e um resultado semelhante ao Atlântico Sul´.Fornecimento de peçasAs possibilidades de o Ceará lucrar com o momento de recuperação naval vivido pelo Brasil ainda são mais diversificadas, segundo aponta o assistente diretor de Transporte Marítimo da Transpetro, Rubens Langer. Segundo ele, a construção de navios no Atlântico Sul vai exigir o fornecimento de diversas peças e equipamentos, que podem ser fornecidos pelo Ceará. ´O estaleiro vai gerar cinco mil empregos. Mas a proporção é de que, a cada emprego diretor gerado, outros cinco sejam criados indiretamente, com as indústrias que fornecerão os componentes, isto é, novos 25 mil postos. Empresas também poderão vir para cá e fornecer ao Atlântico Sul. A vinda delas poderá ser dar por uma questão de competitividade´, comenta. ´Um estaleiro é uma cidade, com uma indústria muito diversa, envolvendo 40 atividades. E é preciso um fornecimento de equipamentos de energia elétrica, de transmissão, esgoto, móveis, paredes, lâmpadas´, completa.
SÉRGIO DE SOUSA
Repórter

SEGUNDO INACE NÃO HÁ ESPAÇO PARA ESTALEIRO

Diário do Nordeste de 27/06/2008

http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=549902

Gil Bezerra: única possibilidade é finalizar atividades do Mucuripe e utilizar o local para estaleiro (Foto: Denise Mustafa)
Os planos do Governo do Estado, já revelados pelo governador Cid Gomes, de trazer para o Ceará um estaleiro de grande porte — segundo informado com exclusividade pelo Diário do Nordeste na edição do dia 25/4/2008 — podem estar equivocados. De acordo com o diretor presidente da Indústria Naval (Inace), Gil Bezerra, as terras cearenses não comportam tal estrutura.´O Ceará não tem espaço geográfico para ter um grande estaleiro. Isso, porque nós não temos abrigo. Para fazer um abrigo, tem que fazer um quebra-mar partindo da praia. No Porto do Pecém, ele não sai da costa, o quebra-mar é feito lá mesmo, no mar. Então, eu não sei que tipo de estaleiro ele quer colocar aqui´, explica.Na verdade, ele afirma que existe, sim, uma possibilidade, única: finalizar as atividades do Porto do Mucuripe e utilizar o local para fazer um grande aterro e lá abrigar o estaleiro. ´Mas eu acredito que ele não vai fazer isso. Há 30 anos, nós [a Inace] quisemos ir pro Porto de Mucuripe, e não pudemos´.Segundo Bezerra, a questão geográfica é decisiva, mesmo que Fortaleza possua as condições que, informa, garantem a construção de um estaleiro: ´A indústria naval só é possível em uma capital com bastante infra-estrutura, que é o que nós temos hoje. Nós temos um bom começo, temos bastantes universidades, bastante escola técnica, que elas têm que ser aperfeiçoadas para atender ao pólo metalmecânico do Estado´. Entretanto, este potencial pode ser utilizado para fortalecer o estaleiro de menor porte que já existe instalado aqui.Bezerra afirma que Porto de Suape (Pernambuco) já foi concebido para ser ´o grande ponto do Nordeste brasileiro´, e é onde está sendo construído o estaleiro Atlântico Sul. ´Da sombra do grande quebra-mar que o Suape tem, sobrou espaço pra abrigar o Atlântico Sul. Então, é um estaleiro que tem um abrigo subsidiado. E tem terra suficiente para desenvolver, apesar de ter uma capital um pouquinho menor do que a nossa, mas eles têm toda a condição de ser o maior pólo de construção naval individual do Brasil. Eles têm porto adjacente, poderá, no futuro, ter siderúrgicas adjacentes e, ao mesmo tempo, o esforço muito menor para desenvovler a sua fabricação. Então, com isso, foi um local muito privilegiado que eles pegaram´. NOS PRÓXIMOS DIASTranspetro lança 2ª fase do PromefDepois de anunciar a construção de novos 26 navios, por meio de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Transpetro deve lançar, nos próximos dias, a segunda fase do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). A nova licitação deve contratar 23 navios, em sete lotes. Segundo o assistente diretor de Transporte Marítimo da Transpetro, Rubens Langer, a localização onde serão construídos as novas embarcações só serão definidas com os vencedores. ´A decisão envolve fatores técnicos e o preço´, informa, explicando que os tipos de navios a serem fabricados ainda estão em definição.O Brasil hoje possui 54 navios, apenas 17% das necessidades de carga da Petrobras. No mundo, 80% das transações comerciais são feitas pelo mar e, no Brasil, esse percentual é de 95%. ´Mas 4% do transporte marítimo aqui é feito com embarcações de bandeira brasileira. Isso é uma grande oportunidade de crescimento´.Segundo ele, o aumento da busca pelo etanol brasileiro é um dos motivos que puxam a recuperação do setor, juntamente com a elevação da demanda por gás natural e o esperado ´boom´ na produção petrolífera do Brasil, com as novas descobertas. As necessidades de melhorias na segurança das plataformas são outra razão. ´A Petrobras opera de 130 a 140 navios por dia e o Brasil gasta US$ 10 bilhões/ano em transporte de navio. O objetivo agora é atingir um mínimo de 65% de nacionalização da frota, com preços e qualidade competitivos´.O faturamento mundial da indústria naval é de US$ 191 bilhões/ano. Somente Coréia, Japão e China dominam 88% do mercado.